Deputado distrital Evandro Garla |
Presidente do Nacional do PRB Jovem, deputado distrital e ouvidor da Câmara Legislativa do DF. Conciliar tantas atividades tem sido um desafio constante no ano de 2011 para Evandro Garla. Mas, como ele mesmo brinca, “é de onde retira energia”. Da ouvidoria, ele tem obtido uma experiência que está se mostrando uma tendência republicana. “Queremos ser esta ponte entre a instituição e o cidadão. E estamos conseguindo, seja em ouvidorias estaduais (no Amapá), em assembleias e câmaras legislativas como as do Ceará e do DF, ou em câmaras municipais como as de Maceió.” Do mandato, Garla obtém a atuação vinculada ao respeito com o cidadão. Mas, do contato com a juventude, vem o entusiasmo e a crença em um futuro melhor para o Brasil. A certeza de que está forjando novos líderes e não massa de manobra.
1 - É possível dizer que há uma volta do interesse da juventude pela política?
Sim, eu vejo uma volta desse interesse. Em primeiro lugar, não podemos esquecer a importância das mídias sociais. Elas têm gerado debates e muitos jovens têm interesse em debater. Acho que sempre quiseram ter uma atividade política novamente, só não sabiam onde. Antigamente, na vida escolar, havia determinadas matérias que incentivavam o jovem a pensar como cidadão. A escola cumpria esse papel. Pouco, mas havia. Alguns anos depois, isso foi tirado do currículo, com que interesse, não sei. De uns tempos para cá, o interesse ressurgiu e é nossa função no PRB provocar e incentivar esse ressurgimento, trazer os jovens republicanos para a discussão sobre a coisa pública e mostrar que eles têm que pensar politicamente. Não queremos jovens para ser massa de manobra, como existem outros partidos que assim fazem. Não queremos jovens para segurar bandeiras sem causa, distribuir panfletos sem saber exatamente o que está panfletando. Essa é a meta do PRB: trazer a juventude para a política, mas de forma consciente.
2 - Qual sua expectativa com relação aos resultados da 2ª Conferência Nacional de Juventude?
Grande. Essa foi a segunda conferência, mas a primeira com a participação da juventude do PRB. Acho que o importante foi resgatar o que havia sido proposto na primeira conferência e conferir se efetivamente saiu do papel. Foi importante ver que ações votadas até hoje não foram implantadas pelo Governo Federal, pelos estados e municípios. Dessa vez, nós, claro, estou falando pelo PRB, vamos exigir que aquilo que foi aprovado na primeira, ratificado e aprovado na segunda, seja efetivamente implantado. Grandes temas foram escolhidos nas conferências regionais e debatidos amplamente. No DF, por exemplo, os debates foram sobre drogas, educação, trabalho e, por incrível que pareça, moradia. Além disso, essa conferência serviu para que identificássemos novos líderes, como pérolas que vão oxigenar nosso partido e formar o PRB do futuro. Essa conferência nacional será utilizada em nossas conferências locais do PRB. Estamos aprendendo juntos e essa foi uma grande experiência.
3 - Curiosa, a preocupação com a moradia.
Ela existe. A despeito de todos os programas locais ligados ao tema. O grande questionamento local foi “por que somente aqueles que vieram para Brasília e têm um certo tempo aqui, têm direito. E nós, nascidos aqui, que somos das classes C e D, não temos esse direito”.
4 - Como é conciliar as suas atribuições de deputado distrital e presidente do PRB Jovem?
Um grande desafio. Nós temos obrigações com o mandato, com a Ouvidoria que assumimos na casa e com a presidência do PRB Jovem. Eu procuro otimizar o tempo. Por exemplo, sou presidente da Frente Parlamentar do Esporte na Câmara. Logo, quando falo sobre esporte, estou falando com o jovem, mas não só com ele. Eu integro a Frente Parlamentar contra as Drogas, então quando falo sobre drogas com os pais dos jovens também falo com os jovens. Veja a questão dos projetos. Meu primeiro projeto aprovado e já sancionado foi instituir o Dia da Consciência Jovem, todo o último domingo de abril, fazendo com que o jovem participe de debates e seja incentivado a expor suas opiniões. Outros projetos meus aprovados são voltados para toda a comunidade, como o Adote Uma Passarela, que procura oferecer mais segurança na travessia, pois muitos não usam as passarelas porque elas estão depredadas e não oferecem segurança. Mas ao propor que as empresas adotem esses espaços, explorando-os comercialmente, pedimos em contrapartida o oferecimento de atividades culturais, como grafitagem e hip hop. Então, é possível conciliar não dissociando, mas trabalhando em prol de todos, sem perder o foco na juventude.
5 - Apesar do crescente interesse, ainda há jovens alheios e afastados da política. Como trazê-los de volta?
A forma que eu vejo e que está começando a dar certo é levá-los para os debates, deixar que falem o que quiser, que abram o verbo. O ideal era ter um curso de Ciência Política que favorecesse a conscientização. Seria ótimo, pois abriria a mente e afastaria dogmas. Hoje, nós trabalhamos em parceria com a Fundação Republicana Brasileira, e por meio dela é oferecido o Curso de Capacitação Política. Os professores mostram para que serve a vida pública, para que serve a política. Eles divulgam o pensamento: “Aqueles que não gostam de política vão ser governados por quem gosta.” Frase, aliás, repetida por Lula no último programa do PT. Eu até brinquei: “Ele deve ter assistido a alguma aula ou reunião do PRB. Mas deve ter sido a convivência com José Alencar (risos).” Resumindo: temos que trazer para o jovem a noção de que ele é participante. Não só pintando a cara, mas debatendo e mostrando sua face.
6- Esse ano, o PRB jovem teve crescimento em todo o País. Como está esse crescimento? Dá para mapear a situação no País?
Dá. Por exemplo, os jovens da Região Sul são extremante politizados, mas são pouco mobilizados. No Nordeste eles discutem política. Eu sei, sou de lá. Pernambuco respira política. Se eu for fazer uma conferência entre o Sul e o Nordeste, o Nordeste vai dar um show. Por quê? Porque lá, pelos inúmeros problemas sociais com os quais convivem, eles já estão mobilizados. Um exemplo: em 2007, eu ainda estava em Pernambuco, nós conseguimos eleger dois vereadores no Parlamento Jovem, em Recife, um programa que existe na câmara local, similar a um da Câmara Federal. Dos 41 vereadores jovens, cada um poderia fazer um projeto para apresentar aos vereadores. Somente um projeto foi aprovado e sancionado pelo prefeito, que foi o nosso, do PRB Jovem. Este ano, quatro anos depois, elegemos seis vereadores do PRB Jovem, sendo que um deles é o presidente da Câmara Jovem. Isso não foi uma coisa obtida por mim, mas fruto de uma mobilização que faz parte da cultura nordestina e do espírito republicano. O que começa a ser percebido em todo o País. No DF, das 14 vagas destinadas pela convenção nacional para Brasília, o PRB levou sete. Aí entra a mobilização e a parte política. Claro que ainda há muito a fazer. Em alguns lugares, não colocamos ninguém porque não queremos colocar qualquer pessoa. Em algumas regiões, achamos melhor não ter, de forma a conhecer melhor. Até porque qualquer pessoa que esteja mal intencionada poderá pegar essa massa de jovens com potencial e usá-la para seus interesses pessoais. Nós queremos evitar, na esfera nacional, que os jovens sejam massa de manobra e na esfera local fazemos vista grossa? Todo o trabalho vai por água abaixo.
7 - Recentemente o Estatuto da Juventude foi aprovado no Congresso. Como o senhor avalia essa nova lei?
Houve avanços e o projeto foi aprovado devido à mobilização dos parlamentares envolvidos. Se não fosse essa mobilização, não haveria aprovação. Mas houve muita resistência em questões como a da meia-entrada por exemplo. Esse é o nosso receio com a chegada do projeto ao Senado. Já marquei uma audiência como senador Crivella para que ele nos dê uma posição sobre como o Senado vê o tema. Creio que precisaremos estar mobilizados para que avanços importantes não sejam perdidos. A meia-entrada é uma conquista que vive sendo ameaçada. Veja a questão da Copa. Eu, falando em meu nome, não concordo que seja revista uma lei que já existe, como a que garante a meia-entrada para estudantes, por causa dos encargos da Fifa e sua Copa. O fato de que isso foi assinado lá atrás, na hora de discutir os encargos, não significa que não possa ser mudado. Imagine o que foi conquistado no Estatuto. Essa é minha preocupação: que sem mobilização, o Estatuto fique parado no Senado. Não podemos abrir mão desse tema, pois se abrimos guarda, outros temas importantes poderão ser prejudicados. Acrescentar, eu concordo, retirar não. Lembre-se do que está acontecendo com nossa juventude. Ela é cada vez menos. Seja porque os brasileiros estão envelhecendo, tendo menos filhos, seja porque os jovens são vítimas preferenciais da violência. Ora, precisamos de gente que trabalhe para produzir as riquezas de um país que se quer a quinta maior economia do mundo. Como vamos conseguir isso sem jovens? Vamos trazer os aposentados de volta? Até quando eles vão aguentar? Então, dentro de tudo que ainda temos que fazer pelos jovens, abrir mão de algo aparentemente pequeno não é arriscar nosso futuro? Por causa de uma Copa?
8 - O senhor é um exemplo e o PRB tem vários outros exemplos de jovens na política. Como identificar um jovem com vocação política?
Um brilho nos olhos, a faca entre os dentes (risos). O fundamental, e eu estou falando pelo partido que é 10, é ter o espírito de servir. O nome já diz, somos servidores.
9 - Qual o conselho para o jovem que quer entrar para a vida política no PRB?
Usar menos o singular “eu” e mais o plural “nós”.
10 - Afinal, o que querem os jovens?
Em primeiro lugar, sobreviver. Em segundo, condições para estudar, trabalhar e formar suas próprias famílias.
11 - O que é um jovem 10?
É um jovem desapegado de vaidades e de egocentrismo. Que está sempre pronto a ajudar, mas sem esquecer-se de seus sonhos, até porque, ser jovem, como dizemos no PRB, é não abrir mão de sonhar. É alguém que escuta nossa palavra de ordem: “Sai da falação e vem para a ação.”
Fonte: PRB Nacional
Postado por: Paulo Henrique (PH) - Vice-Presidente Estadual
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