Pode vir de surpresa ou não. Mas quando os idosos adoecem, alguém terá de assumir os cuidados. Filhos atarefados e envolvidos com sua própria rotina têm de lidar com a nova situação que implica, ainda, em assustadoras despesas médicas. Quanto mais cedo a família pensar no assunto, menos sofrimento.
Apesar de sobrarem livros, páginas na internet, pessoas na mesma situação, lidar com os pais idosos ainda é uma surpresa e grande dificuldade para muitos. Uma das razões está relacionada com o repentino aumento da espectativa de vida. Isso se deu a partir dos anos 70 que se percebeu que a perspectiva de envelhecimento da população brasileira estava crescendo em proporções assustadoras.
Além do medo do próprio envelhecimento, imaginar que o parente mais velho se aproxima da morte gera muita ansiedade e frustração. O ideal é não pensar em perdas, nem antecipar a morte de ninguém. Nesses momentos difíceis, são muitas os medos irracionais e é preciso descobri-los dentro de si mesmo para conseguir encarar a responsabilidade. Quem está à volta com o pai ou a mãe doente, normalmente, não compreende que o problema do idoso é resultado de uma longa história construída. E que ele próprio faz parte daquela história. O idoso somos nós mesmos, o nosso futuro. Por isso, a família tem que assumir a responsabilidade como um problema dela, e não do outro. Somos nós que estamos envelhecendo. Precisamos assumir isso.
Dar e receber são preceitos que valem não só para o idoso. É preciso vencer o preconceito com a velhice e se conscientizar da necessidade de retribuir tudo o que se recebeu dos pais.
O idoso só se torna uma ameaça à família, se a estrutura familiar já está frágilizada. Por isso, é hora de encarar a fase difícil como um grande aprendizado. Se modelarmos uma sociedade em que os idosos sejam queridos e levados a sério, seremos capazes de envelhecermos sem temer esse destino.
Jeronimo Alves
Escritor e jornalista
0 comentários:
Postar um comentário